Fica difícil a permanência de Isabel dos Santos no Dubai

 


Os Emirados Árabes Unidos optaram por apoiar o governo angolano, tornando mais difícil a permanência de Isabel dos Santos no Dubai. A sua meia-irmã, Tchizé dos Santos, junta-se ao coro dos que pedem o fim desta “luta de titãs”.

As autoridades dos Emirados Árabes Unidos estão a dar sinais de desconforto relacionados com a presença de Isabel dos Santos no Dubai. Um deles, evidente, materializou-se no pedido feito aos bancos dos Emirados para congelarem as contas da família Dos Santos e das pessoas a ela relacionadas.

Esta solicitação foi feita pela Unidade de Inteligência Financeira Central dos Emirados Árabes Unidos, a qual contactou diversas instituições financeiras que provavelmente têm contas de Isabel dos Santos, do seu marido Sindika Dokolo (falecido a 29 de outubro) e de um associado seu franco-congolês e amigo de infância, Konema Mwenenge. Segundo a Africa Intelligence, o Emirates NBD (ex-Banco Nacional do Dubai) e o Mashreqbank congelaram as contas corporativas e pessoais pertencentes a Mwenenge.

Outras fontes adiantaram ao Negócios que os Emirados Árabes Unidos, inclusive, já manifestaram a Isabel dos Santos o desejo de que esta abandone, tão cedo quanto possível, o Dubai. Estas ações surgem após o Presidente angolano, João Lourenço, se ter deslocado ao Dubai a 18 de março deste ano. À data especulou-se sobre os reais motivos da visita, realizada a título pessoal, sendo que estes desenvolvimentos dissipam as dúvidas.

João Lourenço efetuou a viagem para expressar o desejo de contar com a colaboração dos Emirados Árabes Unidos na disputa que opõe o seu governo a Isabel dos Santos, e voltou a Luanda com a garantia de que tal aconteceria.

O regresso a Barcelona e a ausência de Dino

Sintomaticamente, na sua edição de 8 de abril, o Expresso adiantava que José Eduardo dos Santos, o qual tem permanecido no Dubai para ajudar a filha primogénita no processo de luto, planeia regressar a Barcelona. A cidade espanhola tem sido, praticamente, a sua morada de residência desde que deixou a presidência, em setembro de 2017. O antigo líder angolano tem vivido uma situação de crescente isolamento exponenciada pelo facto de um dos seus principais conselheiros e visita frequente em Barcelona, o general Leopoldino Fragoso de Nascimento (Dino), ter sido impedido de sair de Angola pela justiça.

Aliás, a situação de conflito aberto entre o governo angolano e Isabel dos Santos leva a concluir que José Eduardo dos Santos terá falhado numa eventual tentativa de reaproximação das partes. Neste particular, até Tchizé dos Santos, meia-irmã de Isabel dos Santos, e crítica de João Lourenço, opta agora por um discurso de apaziguamento.

“Estamos em abril, o mês da paz e temos de refletir como angolanos o que queremos para o nosso país. Que se negoceie uma forma de repetir a cerimónia de 4 de abril de 2002 no parlamento e que se faça um ‘restart’ deixando o passado para trás, pois mais importante do que buscar culpados é buscar soluções para a melhoria da vida dos angolanos e a estabilidade social. Se não se parar com essa luta de titãs, não haverá condições para que a economia cresça”, escreveu Tchizé dos Santos na sua conta no Facebook.

O apelo, para já, cai em saco roto. Depois de Isabel dos Santos ter depositado no Tribunal Superior de Londres escutas através das quais pretende demonstrar a existência de uma conspiração contra ela promovida pelo governo angolano, os Emirados Árabes Unidos, a pedido das autoridades de Luanda, começaram a congelar contas ligadas à família dos Santos. Será que esta escalada já atingiu o cume?

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